quinta-feira, 17 de junho de 2010

Gênio Hitzfeld derrota a displicência espanhola

Por: Leandro Miranda

Quando, em um torneio marcado por retrancas, a melhor seleção do mundo entra em campo e perde para uma retranca, a primeira sensação é de revolta. Observando melhor o jogo, porém, a derrota da Espanha da Suíça, 1 a 0, foi merecida. Por dois motivos óbvios: a Suíça jogou muito bem, e a Espanha - apesar de ter massacrado em estatísticas como posse de bola ou finalizações - ficou muito, muito longe do jogo fluido e irresistível dos últimos anos.

Começando pelo vencedor, o técnico Ottmar Hitzfeld foi um gênio. Manteve suas duas linhas de quatro (defesa e meio de campo) muito próximas uma da outra, impedindo que jogadores como Silva, Xavi e Iniesta (os meias avançados espanhóis) achassem algum espaço entre as linhas. Na frente, usou os atacantes também com trabalhos defensivos: um deles mantinha os zagueiros ocupados e o outro atrapalhava Xabi Alonso, o melhor espanhol em campo.

A Suíça, apesar de plantar oito homens à frente da área, não foi um time totalmente defensivo, buscando um empate sem gols. Quando tinha a bola, a equipe tentou contra-atacar com até quatro jogadores, com corridas diretas para o gol adversário. O gol saiu dessa forma, contando um pouco com a sorte - mas o futebol não premia apenas o talento, e sim uma combinação de talento, aplicação, concentração e sorte.

E a Espanha? Foi um time que passou a bola maravilhosamente, como de costume, mas a displicência na hora de definir os lances - e um pouco de salto alto - impediu que o time furasse a disciplinada defesa suíça. Iniesta, Villa e Sergio Ramos tiveram chances claras de gol, mas preferiram um passe a mais. Como único atacante, Villa precisava de suporte do meio de campo, mas nem Xavi, nem Silva, nem Iniesta procuraram se aproximar para tabelas rápidas. Os laterais Sergio Ramos e Capdevila iam só até a intermediária, deixando o time sem largura no ataque. Uma seleção preguiçosa, ainda
que bonita de se ver.

Por fim: enquanto a Suíça teve um estrategista em Hitzfeld, a Espanha teve um técnico passivo em Vicente del Bosque. Ele demorou demais para fazer as duas trocas óbvias: tirar Busquets, já que a presença de um volante além de Xabi Alonso era totalmente desnecessária, e colocar em campo algum jogador que alargasse o jogo - entrou o ótimo Jesús Navas, pela direita, no lugar do apagado Silva. Porém, em vez do sem ritmo Torres no lugar de Busquets, a mexida certa seria Juan Mata, que jogaria na ponta esquerda e abriria de vez a defesa suíça.

A Espanha caiu pela falta de variação de Del Bosque e pela preguiça de seus jogadores. Que o susto sirva para acordar os craques espanhóis, que terão em Honduras um adversário perfeito para a reabilitação: um time fraco tecnicamente e pouco sofisticado taticamente.

Imagem:
Cassilas e Pique - EFE

Um comentário:

O autor disse...

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