quinta-feira, 17 de junho de 2010

Vitória suada e nada fora do normal

Por: Leandro Miranda

Não entendi todo o escândalo e a indignação com a "má atuação" e a vitória suada do Brasil sobre a Coreia do Norte, por 2 a 1, na estreia da Copa do Mundo. Qualquer um que tenha visto a Seleção de Dunga nos últimos três anos sabe que o clichê, nesse caso, é verdadeiro: o time só é fantástico no contra-ataque. Contra qualquer equipe que se feche na defesa - e os norte-coreanos se fecharam de um modo assustador - o Brasil mantém a posse de bola e encontra inúmeras dificuldades.

Os norte-coreanos tinham cinco defensores - três zagueiros só para Luís Fabiano, que, naturalmente, teve apenas uma chance clara de gol, chutada para fora. O lateral direito pegava Robinho, o lateral esquerdo pegava Elano, o volante An Young-Hak era a sombra de Kaká. Mais dois meias centrais à frente, que voltavam para cobrir os companheiros. A rota de ataque do Brasil era óbvia, através dos dois únicos jogadores ofensivos livres: os laterais.

Se a Coreia usa homens de sobra na defesa, quer dizer que faltam homens mais à frente no campo. Maicon e Michel Bastos estiveram livres durante toda a partida e criaram algumas das melhores chances. No gol de Maicon, ele está totalmente desmarcado e acelera por trás do lateral esquerdo para receber o passe de Elano. A dúvida é por que os laterais não foram mais vezes usados.

Reclamar da falta de mobilidade de Kaká é válido, já que o camisa 10 (que nunca foi um armador mesmo) está mal e não conseguiu abrir os norte-coreanos com passes inteligentes. Reclamar de Gilberto Silva e Felipe Melo não é válido: eles estão lá para roubar a bola e iniciar contra-ataques. O certo seria reclamar de Dunga, que manteve dois volantes que não tinham ninguém para marcar.

Contra a Costa do Marfim, o Brasil pode esperar um jogo ainda mais duro. Os africanos não devem ir ao extremo de ficar com dois homens na sobra na defesa, como fizeram os coreanos, mas vão se fechar, negar espaço aos jogadores ofensivos da Seleção - e não agredir o Brasil, o que cairia nas mãos do esquema de contragolpe de Dunga. Preparem-se para outra partida em que o Brasil ficará com a maior parte da bola, mas suará para criar chances de gol.

PS: o tal Rooney Asiático, Jong Tae-Se, é bom de bola mesmo. Tivesse ficado no Japão, seu país de nascimento, solucionaria a principal carência dos nipônicos: um bom atacante.

Imagem:
Seleção Brasileira - AP

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