Um domingo para a história

Por: Lucas Renato

5 títulos em Wimbledon, 5 no US Open, 3 no Aberto da Austrália. Nas últimas duas semanas, mais especificamente após a queda de Rafael Nadal na quarta rodada, o mundo do tênis se mobilizou por uma causa: um título de Roger Federer em Roland Garros. A melhor frase, a mais significativa, emblemática, foi dita pelo argentino Juan Martin Del Potro, logo após ser eliminado por Federer nas semifinais: "Roger é um dos poucos tenistas que Deus tocou a varinha e ele aproveita ao máximo".

O mais engraçado é que os próprios tenistas, até mesmo seus oponentes, torciam por ele. Nadal, logo após ser eliminado: "Tomara que ele consiga conquistar Roland Garros. Ele merece". Gael Monfils, antes de enfrentar Federer nas quartas-de-final: "Se eu não conseguir vencê-lo, toda a França e eu estaremos torcendo por ele". Del Potro, antes da semifinal: "Se ele me vencer, quero que ele seja o campeão".

Na final, domingo, acredito que só três pessoas torceram pelo Soderling. Ele mesmo, sua namorada e seu técnico. E olhe lá. Na decisão, ficou evidente que final de Grand Slam é pra quem tem mais experiência. E Roger Federer foi perfeito. Quando o sueco abriu os olhos, o primeiro set já estava 6 x 1 para o suíço. A chave da partida, juntamente com o próprio primeiro set, foi Federer aniquilar o tiebreak da segunda parcial. 2 x 0 numa final de Grand Slam para o Federer? A probabilidade de Sordeling virar o placar era quase nula.

Aliás, diga-se de passagem, ele fez um grande torneio. Vencer o Nadal em Roland Garros é uma tarefa ingrata. Chegar à final foi seu ápice. Uma coisa é vencer um tenista como o Rafa no começo do torneio, sem muita coisa a perder. Outra é, já tendo muita coisa a perder, vencer Federer na decisão.

Voltando ao Federer, desde Wimbledon-04 ele chega, no mínimo, às semifinais de todos os Grand Slams. No torneio que acaba de vencer, completou 20 semifinais seguidas. É um número extremamente significativo. Técnica, qualidade e extremo controle de seus nervos em momentos cruciais o fazem um dos gênios do esporte mundial de todos os tempos.

Melhor de todos os tempos?

É difícil dizer... Hoje, ele está empatado com Sampras em conquistas de Grand Slam. 14 pra cada um. Ninguém tem mais do que eles. Mas com uma grande diferença pra Roger. Títulos nos quatro torneios. Como ele tem, pelo menos, mais dois anos de tênis em alto nível, tem tudo pra superar - e bem - o americano.

Entretanto, ao mesmo tempo, não acredito que ele vá ser o tenista que mais tempo ficou no topo do ranking mundial. Para superar Sampras, detentor da marca, Roger precisaria, pelo menos, de mais um ano como número um. Acho difícil...

É uma questão polêmica e só acredito que haverá uma unanimidade se ele Roger tiver grande vantagem nos números: Grand Slams, títulos na ATP, maior tempo como número 1 etc.

Não é fácil. De todo modo, o prazer de ver esse mito jogar já vale muito mais do que a dúvida se ele é ou não o melhor de todos os tempos.

"No último game, só queria acertar meu saque e torcer pra ele errar as bolas. Graças a Deus consegui".

5 títulos em Wimbledon, 5 no US Open, 3 no Aberto da Austrália, 1 em Roland Garros.

Imagens:

Roger Federer - FFT - site oficial de Roland Garros