terça-feira, 23 de junho de 2009

Soberano em quê?

Por: Felipe Simi

Não tem como negar. O São Paulo Futebol Clube está em cacos. No Centro de Treinamento da Barra Funda, silêncio. O discurso é um só, simples. Apesar da quarta eliminação seguida da Libertadores; da saída, depois de três anos e meio, do comandante tricampeão brasileiro Muricy Ramalho; do desfalque quase crucial, nos jogos, do goleiro e capitão Rogério Ceni; e da terceira derrota em quatro jogos neste ano para o Corinthians, o ambiente que o novo técnico Ricardo Gomes encontrou hoje, na sua apresentação, foi “muito bom”.

“Muito bom”? Os cacos da crise estão por todos os cantos do Morumbi. Fora do campo, a mesma cúpula que persuadiu o presidente Juvenal Juvêncio a demitir Muricy na última sexta-feira hoje dispara rasteiras no superintendente de futebol, Marco Aurélio Cunha. Dizem que o dirigente, vereador, tem dedicado seu tempo mais à política do que ao clube.

Não vou fazer aqui a mea culpa do presidente são-paulino, mas, pelo que ouço e vejo dele desde 2007, nesta mesma época, sob circunstâncias parecidas, Muricy já teria ido embora há muito tempo. Juvenal não deixou. Por outro lado, desde que reassumiu a chefia, em 2006, o jeito Don Corleone de ser, azedado pelo sotaque arrastado, fizeram dele uma figura folclórica, satirizada por frases de efeito, sagaz e eficiente nos bastidores.

Isso explica, em parte, por que o Cícero Pompeu de Toledo deve vencer a disputa contra Mineirão (BH) e Mané Garrincha (DF) pelo jogo de abertura da Copa brasileira, em 2014. Enquanto o Mundial não chega, a diretoria tenta estancar a ferida aberta depois da saída de Muricy identificando o foco da crise em três atletas, de acordo com a Folha de S. Paulo de hoje. Só que, segundo o Blog do Neto, o direito de imagem de todos eles está atrasado há dois meses. Até Júlio Casares, o inspirado diretor de marketing do clube, parece ter freado a criatividade.

Para piorar, dentro do campo o elenco atravessa um momento pior do que o do ano passado, empoeirado pelas encrencas do trio Fábio Santos, Carlos Alberto e Adriano. Agora, Washington, André Lima e Borges trocam pontapés pela titularidade. Fecharam a cara e reclamaram publicamente. Já Hernanes e Jorge Wagner não falam, mas também não jogam.

O grupo está rachado.
“O que falta é humildade, parceria.”
Muricy deu o toque e saiu. De cabeça erguida, pela porta da frente.

De agora em diante, esse é um problema de JJ, RG e cia.

Imagem: Folha Imagem

5 comentários:

Rafael Zito disse...

Poxa Felipe nem preciso acrescentar nada... seu texto, por si só, já diz tudo!

Para fim, assim como a vida, o futebol é ciclico e chegou a hora da roda gigante são-paulina ficar na parte de baixo... eh impossivel permanecer no topo todo o tempo e olha q o são paulo ficou mto tempo.

Um abraço

Felipe Simi disse...

É verdade, Zito.

Eu faço questão de acompanhar tudo bem de perto, p/ ver o quanto esse multicampeão se preparou p/ esse momento.

Um abraço e obrigado.

Sabrina Machado disse...

E quem consegue se manter por muitos anos como soberano???

Parabéns, Simi...seu texto está muito bom!

E parabéns ao Muricy Ramalho um dos principais responsáveis pelas últimas conquistas do tricolor paulista...

Beijos

Thiago Fagnani disse...

"Bom.....o São Paaaaulo......Ha!"

Simi, belo texto! Profissionalismo monstro!

Anônimo disse...

Talvez esteja na hora de atualizar o texto.

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