sexta-feira, 26 de junho de 2009

Grêmio se complica contra os fatais Cruzeiro e Mineirão

Por: Bruno Zanette

Imagine um paciente na UTI, entre a vida e a morte, agonizando por algum oxigênio de esperança. Os médicos conseguem reanimar esse paciente, mas a situação permanece crítica. Esse caso pode ser comparado com o do Grêmio após o primeiro jogo da semifinal da Taça Libertadores da América, derrota para o Cruzeiro por 3 a 1.

Para garantir a classificação, o tricolor gaúcho precisa vencer o jogo de volta por 2 a 0, na próxima quinta-feira (02/07), no estádio Olímpico, em Porto Alegre, em virtude do gol marcado fora de casa, usado como critério de desempate em caso de empate nos pontos e saldo de gols. E pelo que foi visto no Mineirão, não parece ser tarefa impossível, desde que, a parte ofensiva do clube gaúcho seja melhorada.

Em um jogo que teve absolutamente de tudo, desde árbitro (Enrique Osides, do Chile) substituído pelo quarto árbitro, Jorge Osório, também do Chile, por causa de uma lesão sentida pelo primeiro, até uma acusação de Elicarlos, sobre o atacante argentino do Grêmio Maxi López, que supostamente teria chamado o atleta cruzeirense de “macaco”; o primeiro tempo foi amplamente dominado pelo tricolor, mas a máxima do futebol de que “quem não faz, leva”, mais uma vez esteve presente.

Em vinte minutos, os atletas de Paulo Autuori perderam pelo menos três chances claras de gol. Aos quatro, Maxi López cruzou da direita, Alex Mineiro, na marca do pênalti, desperdiçou o tento, mostrando que já não é o mesmo dos tempos do Atlético-PR e comprovando os motivos de estar a 126 dias sem marcar. Não seria nada fácil quebrar a escrita que já dura onze anos sem vitórias gremistas contra o Cruzeiro no Mineirão.

A Raposa equilibrava a partida, principalmente pelos flancos. Aos 29 minutos, começa a surgir à pressão do Cruzeiro e Jonathan quase marca, após confusão na área, Marcelo tirou de soco a cabeçada do rebote do lateral direito cruzeirense. Em uma falha do sistema defensivo do Grêmio, Kléber entrou livre pela direita e cruzou na medida para Wellington Paulista abrir o placar para os mineiros aos 37, para explosão de alegria do Mineirão. Um balde de água fria no Grêmio, que até então jogava de igual pra igual com o adversário.

As duas equipes voltaram para o segundo tempo sem alterações, porém se o Grêmio imaginasse que tomaria o segundo gol tão cedo, teria feito alguma mudança. Wagner achou espaço, algo fatal contra ele, arriscou o chute e a bola foi desviada em Tcheco, enganando o goleiro Marcelo Grohe. O placar de 2 a 0, além de tirar a invencibilidade gremista no torneio continental, estava complicando a vida dos gaúchos em sonharem com o tricampeonato.

Com a saída de Alex Mineiro, para a entrada do argentino Herrera, o ataque gremista pareceu ter melhorado um pouco. O time de Autuori tentava pressionar, mas o Cruzeiro estava bem postado. A situação ficou muito pior para os gremistas com o terceiro gol, marcado por Fabinho, de cabeça, livre dentro da grande área, após cruzamento de Marquinhos Paraná. Marcelo nem foi na bola. A classificação à final estava bem encaminhada pelos lados do Cruzeiro, porém, aos 34, em cobrança de falta de Souza, surgiu o gol que fez o Grêmio respirar, o gol que pode ser da classificação, assim como ocorreu com o Sport em 2008 na final da Copa do Brasil.

Agora, assim como foi contra São Paulo, Defensor (URU) e Santos – todos derrotados por 2 a 0 no Olímpico na Libertadores de 2007 -, o Grêmio precisará repetir esse feito para garantir a classificação à sua quinta final de Libertadores. Mas a tarefa não será fácil, pois se Autuori tem a experiência de ter conquistado duas Libertadores da América, Adilson Batista está mostrando, cada vez mais, que também sabe desvendar a América como ninguém.

Na minha modesta opinião, o Cruzeiro está com um pé e meio nessa final. A pressão no estádio Olímpico será grande? Não tenho dúvidas nenhuma disso. Mas acontece que o Cruzeiro de 2008 tem uma enorme diferença para esse de 2009: sabe jogar fora de casa, adquiriu maturidade dentro de campo. Não será nada fácil. O comentarista da Rádio Gaúcha, Wianey Carlet, disse que o gol de Souza pode ser chamado de “Esperança”. A torcida também acredita nisso, mas convenhamos: fazer 2 a 0 na Raposa hoje em dia não é fácil. Se tomarem um então, adeus. É o risco que o Grêmio terá que correr. E só para lembrar, o Grêmio no 4-4-2 ainda não venceu. Seria agora o momento da primeira vitória?



Bruno Zanette apresentou a visão gremista do duelo brasileiro pela Copa Libertadores da América. Logo mais, Marcelo Costa trará a visão cruzeirense do confronto entre Cruzeiro e Grêmio.

Imagens:
Wellington Paulista – Agência Reuters
Maxi López contra Elicarlos – Agência EFE

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