Argentina desequilibrada, Nigéria tímida

Por: Leandro Miranda Escalar o melhor time à disposição não significa colocar em campo todos os melhores jogadores: é preciso uma equipe equilibrada. E Maradona mostrou isso neste sábado, montando uma Argentina ofensivíssima no papel, mas que se mostrou menos perigosa do que deveria. Já a Nigéria, contra os famosos clichês do “futebol africano bonito e irresponsável”, foi um time duro, preso em uma formação rígida que tirou o melhor de seus jogadores.

Maradona tirou Otamendi e colocou Tevez, recuando Jonás Gutiérrez para a lateral direita. Tevez não atuou como atacante, e sim como um meia-atacante pela direita, trocando várias vezes de posição com Higuaín. Messi ficou solto pelo meio, jogando como gosta, e teve ótima atuação. Já Di María, que vinha em excelente fase e era a principal arma ofensiva pela esquerda do ataque, se viu obrigado a jogar em uma posição muito recuada, quase um volante pela esquerda, para equilibrar o meio de campo.

Apesar do domínio da posse de bola e da vitória, a formação deu mais errado do que certo. As chances criadas foram em sua maioria pelo talento individual de Messi, que parou na atuação monstruosa do goleiro Enyeama. Tevez se esforçou pela direita, mas é claro que não é sua melhor posição. Di María, pela esquerda, foi ofensivamente nulo devido ao desequilíbrio do esquema. E é incrível que um atacante apenas razoável como Higuaín seja titular em um time que tem o implacável Diego Milito no banco.

O domínio da posse de bola pela Argentina se deu muito mais pela tática adotada pela Nigéria. O técnico Lars Lagerback deixou de lado o 4-3-3 a que seus jogadores estão acostumados e implantou o seu preferido 4-4-2, com o atacante Obasi forçado a voltar pela esquerda para formar uma linha de meio de campo ao lado de Haruna, Etuhu e Kaita. Com duas linhas de quatro, os africanos se encolhiam em seu campo e deixavam os argentinos trocar passes na intermediária.

Mesmo em uma posição recuada, Obasi avançou bastante e causou problemas pelo lado direito da defesa argentina, onde Gutiérrez, um ótimo jogador com a bola no pé, está longe de ser um bom marcador. Foi só com a entrada de Odemwingie, um ponta clássico pela esquerda do ataque, que a Nigéria conseguiu explorar melhor a deficiência de Gutiérrez. Porém, as falhas de finalização foram preocupantes.

No meio de campo argentino, Mascherano se matou de correr para compensar o pouco empenho defensivo de Verón. Ainda assim, a Nigéria manteve seus jogadores de meio muito recuados, e não explorou a falta de proteção à frente da área adversária. Foi uma equipe tímida, receosa de atacar uma Argentina que tem dificuldades para se defender.

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Heinze – Getty Images