Por Raoni David
Santos e Palmeiras fizeram, seguramente, o melhor clássico do País em 2010 e dos melhores dos últimos anos entre as equipes. Na Vila, o Palmeiras venceu, de virada, por 4 a 3, depois de estar perdendo por 2 a 0 e entrar na mira para tomar mais uma goleada. Mas não, grande demais, o Palmeiras entrou em campo para jogar bola, e na base da vontade venceu.
O que não entendo, de maneira alguma, é a ojeriza de alguns com o futebol apresentado pelo Santos. Um futebol, que sem comparações, remonta aos grandes times de outros tempos. Times históricos que jogavam sempre visando o gol, com três atacantes, dois meias inteligentes e habilidosos e só um homem para fazer o trabalho sujo de desarmar jogadas, o que não é desimportante, mas menos bonito.
Dorival Júnior apostou neste esquema pelo material humano que tem. Bons jogadores, com muita habilidade, e que por serem jovens, são descontraídos. Exageram? Mas isso também não pode ser um artifício dos jogadores? Ora, argentinos e uruguaios usam e abusam das provocações em jogos da Libertadores com o intuito de provocar a expulsão do adversário. Jovens que tem o talento para o drible, não podem fazer o mesmo?
E isso nem é o caso. O time santista não soube aproveitar isso no clássico contra o Palmeiras, já que desde o começo o volante Edinho, merecidamente, estava pendurado por levar um cartão amarelo. Os santistas poderiam ter provocado o rival, até que este perdesse a cabeça e fosse expulso. Onde estaria o erro nisso? Que time nunca se utilizou disso?
O mais curioso, é que toda essa celeuma em cima do modo que o Santos joga, do jeito que os meninos comemoram, das caras e bocas que os garotos fazem, começou após o clássico contra o Corinthians. Aceito o argumento de que Neymar errou ao dar um chapéu em Chicão com a bola parada. Mas faz parte da provocação. Chicão então, tinha salvo conduto para agredir Neymar como fez? Que time nunca retardou o jogo? O Santos vencia e Neymar fez isso, provocando o adversário que apesar de experiente, caiu na dele, mas foi defendido por todos, quando deveria ser expulso pela agressão que cometeu. Cabia ao árbitro punir, ou não, o atacante.
Pior, depois disso, o time santista viveu no fio da navalha. Idolatrado por alguns que reconhecem o bom futebol apresentado, e criticado por outros que entendem que o time de Dorival Júnior só sabe fazer graça.
Os árbitros devem privilegiar o bom futebol, e não falo só do time santista. O Vasco da Gama tem uma joia chamada Phillipe Coutinho que sofreu um pênalti criminoso do volante Willians, no clássico contra o Flamengo. O jogador rubro negro até se arrependeu, deu um beijo no vascaíno em pedido de desculpas, mas deveria ser expulso, e absurdamente, não foi! Isso é certo?
Outro absurdo, neste sentido, aconteceu em 2002. O time de Robinho e Diego ainda oscilava bastante na competição, mas já enchia os olhos com o futebol apresentado. Jabá, baixinho atacante do Coritiba enfrentava este Santos no Couto Pereira, e em determinado momento, parou na frente de André Luís, zagueiro que está no São Paulo e pedalou. Parado, sem objetividade, é verdade. Mas simplesmente pedalou, numa jogada que meses depois consagraria Robinho. Pois acreditem: o juiz da partida aplicou cartão amarelo ao atacante. Ridículo!
O engraçado é que os mesmos que ficam revoltados com a irreverência santista, são os que aplaudiram ao Edílson colocando a bola na nuca durante uma final de campeonato contra o Palmeiras. Ah sim! Ali tudo era lindo! O capetinha podia, não é? E a bola ainda estava em jogo, e o gesto foi para provocar o adversário, mas não para segurar o jogo, como fez Neymar contra o Chicão, mas sim em despeito, já que o Palmeiras havia eliminado a sua equipe do que realmente valia, que era a Libertadores.
Por falar nisso, e para encerrar o meu texto/desabafo em favor do futebol bem jogado, lembro que Paulo Nunes, naquela ocasião, tinha uma máscara de porco escondida para comemorar, faixas em alusão ao Japão para lembrar que o time disputaria o Mundial no final do ano e o rival não. Tudo válido.
Assim como foram válidas as comemorações de gols no clássico da Vila. O Santos fez dois, e os meninos da Vila, como de costume, dançaram, brincaram. Claro, estavam comemorando. O Palmeiras virou, e também dançaram no que parecia um vira português, até aludindo à virada que o time aplicava. Madson empatou e imitou um porco. No fim, o Palmeiras riu e comemorou melhor, porque venceu. Mas venceu, porque assim como o Santos, se propôs e se preocupou somente em jogar bola. E por isso, está de parabéns.
Quem dera se todos os treinadores pensassem como Dorival Júnior... É uma pena mesmo que a seleção de 82 tenha perdido aquela Copa, pois tudo poderia ser diferente. O engraçado é que os mesmos que apontam dedos contra os irreverentes e irresponsáveis de hoje, são os que criticam o coerente e pragmático Dunga, discípulos daqueles que exilaram Sebastião Lazaroni do futebol nacional.
Quanta incoerência! Vai entender...
Santos e Palmeiras fizeram, seguramente, o melhor clássico do País em 2010 e dos melhores dos últimos anos entre as equipes. Na Vila, o Palmeiras venceu, de virada, por 4 a 3, depois de estar perdendo por 2 a 0 e entrar na mira para tomar mais uma goleada. Mas não, grande demais, o Palmeiras entrou em campo para jogar bola, e na base da vontade venceu.
O que não entendo, de maneira alguma, é a ojeriza de alguns com o futebol apresentado pelo Santos. Um futebol, que sem comparações, remonta aos grandes times de outros tempos. Times históricos que jogavam sempre visando o gol, com três atacantes, dois meias inteligentes e habilidosos e só um homem para fazer o trabalho sujo de desarmar jogadas, o que não é desimportante, mas menos bonito.
Dorival Júnior apostou neste esquema pelo material humano que tem. Bons jogadores, com muita habilidade, e que por serem jovens, são descontraídos. Exageram? Mas isso também não pode ser um artifício dos jogadores? Ora, argentinos e uruguaios usam e abusam das provocações em jogos da Libertadores com o intuito de provocar a expulsão do adversário. Jovens que tem o talento para o drible, não podem fazer o mesmo?
E isso nem é o caso. O time santista não soube aproveitar isso no clássico contra o Palmeiras, já que desde o começo o volante Edinho, merecidamente, estava pendurado por levar um cartão amarelo. Os santistas poderiam ter provocado o rival, até que este perdesse a cabeça e fosse expulso. Onde estaria o erro nisso? Que time nunca se utilizou disso?
O mais curioso, é que toda essa celeuma em cima do modo que o Santos joga, do jeito que os meninos comemoram, das caras e bocas que os garotos fazem, começou após o clássico contra o Corinthians. Aceito o argumento de que Neymar errou ao dar um chapéu em Chicão com a bola parada. Mas faz parte da provocação. Chicão então, tinha salvo conduto para agredir Neymar como fez? Que time nunca retardou o jogo? O Santos vencia e Neymar fez isso, provocando o adversário que apesar de experiente, caiu na dele, mas foi defendido por todos, quando deveria ser expulso pela agressão que cometeu. Cabia ao árbitro punir, ou não, o atacante.
Pior, depois disso, o time santista viveu no fio da navalha. Idolatrado por alguns que reconhecem o bom futebol apresentado, e criticado por outros que entendem que o time de Dorival Júnior só sabe fazer graça.
Os árbitros devem privilegiar o bom futebol, e não falo só do time santista. O Vasco da Gama tem uma joia chamada Phillipe Coutinho que sofreu um pênalti criminoso do volante Willians, no clássico contra o Flamengo. O jogador rubro negro até se arrependeu, deu um beijo no vascaíno em pedido de desculpas, mas deveria ser expulso, e absurdamente, não foi! Isso é certo?
Outro absurdo, neste sentido, aconteceu em 2002. O time de Robinho e Diego ainda oscilava bastante na competição, mas já enchia os olhos com o futebol apresentado. Jabá, baixinho atacante do Coritiba enfrentava este Santos no Couto Pereira, e em determinado momento, parou na frente de André Luís, zagueiro que está no São Paulo e pedalou. Parado, sem objetividade, é verdade. Mas simplesmente pedalou, numa jogada que meses depois consagraria Robinho. Pois acreditem: o juiz da partida aplicou cartão amarelo ao atacante. Ridículo!
O engraçado é que os mesmos que ficam revoltados com a irreverência santista, são os que aplaudiram ao Edílson colocando a bola na nuca durante uma final de campeonato contra o Palmeiras. Ah sim! Ali tudo era lindo! O capetinha podia, não é? E a bola ainda estava em jogo, e o gesto foi para provocar o adversário, mas não para segurar o jogo, como fez Neymar contra o Chicão, mas sim em despeito, já que o Palmeiras havia eliminado a sua equipe do que realmente valia, que era a Libertadores.
Por falar nisso, e para encerrar o meu texto/desabafo em favor do futebol bem jogado, lembro que Paulo Nunes, naquela ocasião, tinha uma máscara de porco escondida para comemorar, faixas em alusão ao Japão para lembrar que o time disputaria o Mundial no final do ano e o rival não. Tudo válido.
Assim como foram válidas as comemorações de gols no clássico da Vila. O Santos fez dois, e os meninos da Vila, como de costume, dançaram, brincaram. Claro, estavam comemorando. O Palmeiras virou, e também dançaram no que parecia um vira português, até aludindo à virada que o time aplicava. Madson empatou e imitou um porco. No fim, o Palmeiras riu e comemorou melhor, porque venceu. Mas venceu, porque assim como o Santos, se propôs e se preocupou somente em jogar bola. E por isso, está de parabéns.
Quem dera se todos os treinadores pensassem como Dorival Júnior... É uma pena mesmo que a seleção de 82 tenha perdido aquela Copa, pois tudo poderia ser diferente. O engraçado é que os mesmos que apontam dedos contra os irreverentes e irresponsáveis de hoje, são os que criticam o coerente e pragmático Dunga, discípulos daqueles que exilaram Sebastião Lazaroni do futebol nacional.
Quanta incoerência! Vai entender...
7 comentários:
Revolta? O problema é que existem patrulheiros que acham que os adversários não podem chegar duro nos "Meninos da Vila". Futebol é um esporte de contato físico, disputa pela bola. O Santos perde e o excelente técnico Dorival Junior fala besteiras de que "estão batendo" na garotada. Ora, bolas, vamos jogar futebol gente.
Aqui no Brasil o futebol tá uma vergonha. Encostou, relou, colocou a mão e já é falta. O futebol bailarino é bonito de se ver, só q o esporte pratica dentro das quatro linhas é futebol e não balé. Qm assiste futebol internacional nota a grande diferença nos critérios da arbitragem. Eu não suporto mais ver jogos no país do cai-cai é falta, é pênalti.
Respeito sua opinião e esse é um debate polêmico e interessante. O Santos tá jogando muita bola, mas precisa aguentar o tranco pq o esporte é futebol e tem contato físico.
Acho que no futebol, assim como em qualquer outro esporte, o bom senso devia entrar em campo também. Se não pelos jogadores, pelo menos pelos árbitros. Só que eles esquecem.
Neymar não devia ter feito o que fez. Nem Edílson. O futebol-arte é nosso e tem que existir, desde que respeite o bom senso.
Pelos replays, acho que a seleção de 1982 não trouxe a Copa porque sobrou talento e faltou objetividade. Ainda bem que o Telê deu a volta por cima.
Um abraço, Raoni.
Caraca...só posso dizer que este post foi sensacional!!!
O melhor que eu li nos últimos meses...
Pegando este e o do Juca (http://blogdojuca.uol.com.br/2010/03/por-que-a-derrota-do-santos-alegrou-tanta-gente/), não tem mais o que falar...
Conseguiu resumir eficientemente todo o contexto que está acontecendo no futebol brasileiro atualmente.
Não dá para entender a revolta (ou seria inveja) de outros torcedores (e alguns se dizem jornalistas) ao belo futebol...
Cara, nosso futebol, nossa tradição, a magia do futebol brasileiro sempre foi isso, futebol arte, futebol moleque, drible e futebol para encher os olhos...
E hj, o que acontece, idolatram o futebol marrento, o volante batedor...não dá para acreditar nisso...
Me entristece ver alguns amigos que se dizem tão conhecedores de futebol, preferirem o futebol pragmático e turrão ao futebol arte e mágico que o Santos demonstra neste começo de temporada...
Mas fazer o que...
O maior paradoxo disto tudo é que, quando se pensa em uma seleção brasileira que está prestes a jogar uma copa do mundo, onde o treinador prefere levar seus volantes à habilidade de craques como Ronaldinho e/ou Diego, os mesmos criticam firmemente.
Todos procuram e pedem por este futebol bonito mas quando podem ver, quando se tem este futebol bonito logo aqui, na Baixada Santista, as críticas aparecem ainda maiores...
Vai entender...
Ass: Silvio Segundo
Meu amigo Silvio Segundo me citou indiretamente e venho aqui deixar claro uma coisa.
Ninguém aqui é contra o futebol arte. É um futebol plástico, vistoso e lindo de ser ver. Porém, aqui no Brasil existe um protecionismo absurdo! Não se pode marcar mais. A impressão que se têm é que os defensores do futebol arte querem que os adversários fiquem apenas assistindo e aplaudindo. NÃO! No futebol qndo um time está sem a bola ele tem q marcar e contra o santos todas as marcações se transformaram em desleais pela exagerada proteção.
Qnto à seleção brasileira. Peço Diego e Ronaldinho Gaúcho, jogadores habilidosos e talentosos que se adaptaram ao futebol internacional. Ao contrário do Robinho, que teve q voltar ao futebol do cai-cai pq fracassou no futebol disputado em alto nível. Vamos parar para pensar q estamos estragando nossos jogadores com esse discurso de proteção que é ridículo. Espero q Neymar e Ganso não sejam novos Robinhos.
Com relação ao Dorival Junior, ele é um excelente jogador, mas não pode ir na onda de técnicos como Luxemburgo que não assumem os erros e simplesmente jogam a culpa no juiz. O Santos tem problemas defensivos, começando do meio por jogar com dois meias e com o Arouca, que é segundo volante de origem, jogando como primeiro. Não é todo jogo que dá para jogar com dois meias. Um deles deve sair para a entrada de outro volante.
Acredito que a revolta não é pelo bom futebol. Só um insano não gosta de tabelas, dribles e gols bonitos.
O problema é gira em torno de uma palavrinha chamada "menosprezo". Foi isso que o Neymar fez quando deu um chapéu no Chicão com a bola parada.
Um jogador profissional não pode ter uma atitude dessas e justificar que fez "pq deu vontade".
Sou fã do futebol arte, do futebol pra frente, bonito e que visa fazer o gol e não se foca apenas em não deixar o adversário jogar.
E estou muito feliz também pela volta das comemorações (provocativas ou não), acho que não menosprezam ninguém. Quem fez o gol e está ganhando tem direito de comemorar, com dancinhas, imitando mascotes. Isso é muito saudável. Sem comemorações, o futebol fica chato.
O que os "meninos da vila" tem que aprender é que eles não são intocáveis. E estão sujeitos a derrotas, a perder a bola pelo volante, mas não podem fazer como Neymar, que perdeu a cabeça, e por uma infantilidade prejudicou o time.
Saber perder é mais importante do que saber ganhar, pq saber ganhar td mundo sabe, agora saber perder é para poucos!
ESSE TEXTO É PERFEITO!!
CHEIO DE VERDADES!!
MUITO BOM!! PARABÉNS!!
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