Carta a São Marcos

Fausto Monteiro

Ao ilustríssimo guarda-redes da Sociedade Esportiva Palmeiras,


Você foi (e é) um dos grandes ídolos da história do alviverde do Parque Antártica. Digamos que os mais recentes torcedores do clube (nascidos na década de 80 e início de 90) com certeza quando lembrarem de suas grandes emoções no futebol, por décadas verão a sua boca aberta pulando para defender pênaltis (em específico o de Marcelinho Carioca) e seus milagres. Vou além, com certeza os torcedores de outros times são outros que guardam uma enorme simpatia por sua pessoa, por sua atuação na Copa de 2002, mas talvez mais por ter um grande carisma, diferentemente de rivais.

No entanto, acredito que você já esteja cansado de viver em evidência. Afinal, todos os anos (desde 1999) a pressão vem apertando para o Palmeiras e, como você é o único que segue no time, acaba acumulando todas essas cobranças. Acredito que todas as torcidas torçam para você voltar a ganhar um título de expressão, pois, de fato, você é merecedor. No entanto, suas atitudes têm demonstrado que você está próximo de ter uma crise de stress!

Onde foi parar aquele Marcão sorridente, brincalhão, que descontraía nos treinos e brincava com os jornalistas? Ultimamente, só temos escutado notícias ruins sobre sua pessoa. Sair do treino porque a defesa estava tomando bola nas costas? Pô Marcão, concordamos com você em tudo, inclusive que o time está de brincadeira e de vez em quando temos certeza que eles estão fazendo corpo mole em certas partidas, mas você não pode fazer isso!

Você sempre foi a grande esperança palmeirense, pois sabemos que em um time gerido por uma empresa, só podemos confiar que, passa ano e vai ano, você estará segurando as pontas (e as bolas)! E explodir desse jeito não vai levar a nada! Como líder, convoque uma reunião e converse com esses jogadores, pois o Paulista praticamente já foi por água abaixo. Só nos resta a Copa do Brasil e o Brasileiro (doce ilusão!). Se sua ideia for mesmo parar no final do ano, ninguém vai te impedir, afinal, quem somos nós, meros mortais, para te contrariar? Mas não seria ótimo se você se aposentasse com outro tão sonhado título de expressão?

Então volte a fazer o papel do grande líder que você grande foi e que tinha a capacidade de transformar o elenco em uma família como principal características. Pare de lavar roupa suja em público ao ponto de a diretoria (leia-se o Grande Cipullo) te tratar como um velho esquizofrênico, dizendo que você é incontrolável. Converse com os garotos em particular, cobre as grandes estrelas, lave a roupa suja e mostre como se lidera um time de verdade, antes que seja tarde.

Confiamos em você, por isso imploramos para que a mudança de atitude do time e da diretoria comece pelo grande ícone e ídolo da história recente do Palmeiras. Mesmo assim, se você decidir parar no fim deste ano sem ganhar o tão sonhado título que sabemos que você corre atrás há um bom tempo (como pudermos ver o seu desespero ao ir para o ataque aos 30 minutos do 2º tempo naquela partida contra o Grêmio no Campeonato Brasileiro de 2008), seremos eternamente gratos pela sua dedicação ao clube. Mas pedimos este último esforço que poderá ser de grande valia.

Se isso não for possível, então pedimos para poder voltar a ver aquele velho sorriso no rosto e as brincadeiras que nos acostumamos! Sabemos que tudo que você fez e faz é por paixão ao clube e jamais nos esqueceremos de seus milagres, pois muitos o consideram o grande padroeiro do Parque Antártica.

Sem mais,
Palmeirense anônimo desesperado (e vice-versa).