quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Robinho traz dilema tático para o Santos

Por: Leandro Miranda


E Robinho voltou ao Santos. Dono de uma qualidade técnica fantástica e uma maturidade profissional ínfima, o atacante tem, aos 26 anos, a chance de recomeçar uma carreira que foi estragada por ele próprio, e provar que pode ser ainda um dos melhores jogadores do mundo. A exemplo de Adriano no Flamengo, Robinho terá no Santos o ambiente familiar e o tratamento de estrela de que precisa para brilhar, ao contrário das regras rígidas e da necessidade de se adequar à equipe que encontrou na Europa.


Tecnicamente, Robinho é um trunfo para qualquer equipe do Brasil. Porém, para que um jogador produza efeito no futebol, é preciso encaixá-lo no esquema do time. Robinho atua melhor como segundo atacante, preferencialmente aberto pelo lado esquerdo; foi assim que ele brilhou no Santos de 2002 a 2004 e é assim que atua na Seleção Brasileira, com liberdade pela esquerda. Quando precisou se ajustar a novas posições, ainda que semelhantes (como a meia esquerda no Real Madrid e no Manchester City), não rendeu.


Coincidentemente, o Santos de 2002, a Seleção Brasileira e o Santos atual, pelo que mostrou até o momento, têm esquemas táticos bastante semelhantes, o que deveria facilitar para Robinho. Os três times jogaram ou jogam em uma espécie de 4-2-3-1 torto, com quatro atrás, dois volantes, um meia pela direita que também funciona como volante, um meia central, um atacante pela esquerda que volta para buscar jogo e um atacante fixo. O problema é que a posição de Robinho – aberto pela esquerda – está sendo ocupada por Neymar, que vive boa fase e tem características muito semelhantes.


É claro que Robinho vem para ser titular, mas o que fazer com Neymar? A direita do campo é ocupada por Wesley, que volta para marcar assim como Elano fazia/faz no Santos-2002 e na Seleção. Neymar e Robinho não fazem o mesmo. Sacar Wesley deve desequilibrar a equipe. Como nem Neymar, nem o cerebral Paulo Henrique devem sair do time titular, o melhor para Dorival Júnior seria tirar o centroavante André para a entrada de Robinho, mudando um pouco o desenho do time e fazendo uma linha de frente bastante móvel, rápida e técnica.


Times que jogam sem centroavante fixo não são novidade nem garantia de fracasso – exemplos são o Manchester United da temporada passada, que atuava com Cristiano Ronaldo, Rooney e Tevez na frente, e a seleção da Holanda atual, que escala Van Persie, Kuyt e Robben. Porém, um sistema assim é realmente incomum e leva tempo para se acertar, dependendo muito da movimentação contínua dos jogadores. Para encaixar todos os talentos, seria interessante ver Dorival inovar e testar essa formação. Quatro atrás, dois volantes, Wesley pela direita, Paulo Henrique no meio, Robinho e Neymar se alternando entre esquerda e comando de ataque. Gols, ambos sabem fazer.

Imagem: Robinho - http://cultureofsoccer.com/wp-content/uploads/2007/11/robinho_santos.jpg

Um comentário:

Rafael Zito disse...

O problema tático é realmente um fato. É certo que o Dorival vai escalar Robinho, pela esquerda, e Neymar, pela direita. Sendo assim, ou Wesley vai atuar como segundo volante ou vai pro banco.

O esquema será mantido.... seguirá com o 4-2-3-1. Neymar, Ganso, Robinho e...?? Giovanni? Pode ateh ser. Ou então o André.

Dorival é um ótimo técnico e saberá resolver esse dilema.

Um abraço Leandro... um retorno em 2010 com um texto mto bom... regresso triunfal.

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