(Entrevista feita para o jornal O Peçalheiro- Automotivo)
Era início de dezembro do ano passado quando, em Interlagos, os fãs da Stock Car viram pela última vez uma corrida com Ingo Hoffmann. Após 30 anos dedicados à categoria, o ‘Alemão’ se despediu do público de um lugar que sempre lhe pertenceu: o pódio - ficou na terceira colocação.
Nascido em 28 de agosto de 1953, Ingo sempre foi um apaixonado por automobilismo, mas iniciou o seu envolvimento com os motores apenas aos 19 anos, quando participou do "Festival do Ronco”, em Interlagos. Na direção de um Fuscão 1500, Ingo descobriu que poderia ganhar a vida com a velocidade.
Após iniciar em categorias como Divisão 3 e Fórmula Super V, o piloto se internacionalizou, chegando à Fórmula 3 Inglesa. Em 1976, aos 22 anos, iniciou sua curta trajetória na Fórmula 1, onde competiu por apenas seis provas no cockpit de um Copersucar-Fittipaldi. Dois anos depois, conquistaria a Fórmula 2 européia, antes de vir participar da primeira edição da Stock Car, criada em 1979.
Ao longo do período em que correu na Stock Car (1979 a 2008), Ingo acumulou 12 títulos, 79 vitórias e 71 pole positions – se tornando o recordista da categoria. Em entrevista por telefone realizada no dia 21 de abril, feriado de Tiradentes, o piloto se preparava para a disputa da primeira etapa do rally Mitsubishi Cup, uma competição de cross country realizada no interior de São Paulo, que teria largada cinco dias mais tarde na cidade de Ribeirão Preto. Ao lado do navegador Emerson Cavassin, Ingo terminaria a prova na quarta colocação.
Apaixonado pela velocidade, o piloto ainda se recuperava de uma lesão em uma das costelas, fruto de um tombo de esqui na folga do feriado. “Foi só uma trincada, mas mesmo assim incomoda um pouco”, lamentou, antes de emendar com bom humor. “Não largo a velocidade de jeito nenhum.”
Apesar de se manter nos circuitos de Stock Car, o piloto afirma não sentir saudade das pistas. “Não sinto. Hoje estou nessa parte comercial e na direção desportiva da equipe AMG. Este é um ano de ensaio para mim. Quero ver o que conseguirei e se irei me sentir bem nesta posição”, explicou.
Detentor de tantas glórias no automobilismo, Ingo deu a sua opinião sobre como se nasce um bom piloto. “Primeiro de tudo é preciso ter talento. Este é um ingrediente mais do que prioritário. Depois, é necessário ter dinheiro e patrocínio, para que o piloto possa mostrar o seu talento. Só se consegue ser grande desta forma”, definiu.
A cada ano a Stock Car vem atingindo mais público. Em 2008, as 12 provas atraíram 435 mil pessoas, proporcionando a média de 36, 2 mil pessoas por etapa. Questionado se a categoria já poderia ser considerada uma paixão nacional, o piloto preferiu manter os pés no chão. “A Stock Car está na 31ª temporada. Não digo que ela já é uma paixão nacional, mas já é uma categoria solidificada, que conta com muitos seguidores por todo o Brasil”.
Para ele, o bicampeão Cacá Bueno tem tudo para construir um período de hegemonia na Stock Car.“É difícil falar quem é o melhor piloto ou quem seria o meu substituto. A categoria tem vários de qualidade, mas se eu tivesse que apontar um como o melhor, diria Cacá Bueno. Não sei se ele tem alguma característica parecida com a minha, sei apenas que ele é um piloto muito bom, por ser agressivo e técnico”, elogiou.
Apesar das várias glórias durante a longa carreira, seu maior título foi obtido há poucos anos. Inaugurado em abril de 2007, o Instituto Ingo Hoffmann foi construído em Campinas com o objetivo de auxiliar o tratamento de crianças com câncer. “O construímos junto ao Centro Boldini, que é um hospital referência mundial neste tipo de tratamento. Temos 30 chalés, cada um com uma família, que funcionam como casas de apoio a essas crianças. Oferecemos alimentação, biblioteca, brinquedoteca e cursos para os pais e crianças. O objetivo é fazer com que elas se sintam em suas casas. Esta foi, sem dúvida, a minha maior realização”, finalizou.
Para conhecer mais do Instituto Ingo Hoffmann, acesse: http://www.ingohoffmann.org.br/
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