sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O mocinho morre no final

Nesta sexta-feira, o Jornalismo Esportivo abre espaço para mais um convidado especial. O estudante de Jornalismo e repórter da Federação Paulista de Futebol, Marcelo Braga, trata de um assunto latente no esporte brasileiro, mais precisamente no futebol, já que nos últimos dias dois casos semelhantes aconteceram e não podem ser deixados no anonimato sem que haja a proposta de uma discussão sobre o assunto.

Por: Marcelo Braga

Imagine você, torcedor, indo a um jogo de futebol em que o resultado já está previamente manipulado, com as cartas marcadas, seja qual for o resultado para o seu time. Qual a graça de um esporte com placares previamente combinados?

É como quando você está louco de vontade de ver um novo filme do cinema, e então um desconhecido na fila no banco comenta: “Já viu tal filme? Muito bom, uma pena que o mocinho morre no final”. Ou em um caso literário, com você lendo mais um suspense de sua autora preferida, e abrir o caderno de cultura do jornal e ler: “Sim, o mordomo é o culpado”.

Falo deste assunto, pois o Jornal da Globo de segunda-feira mostrou um áudio do volante Rafinha, do Toledo (PR), assumindo uma combinação de resultado com os jogadores do Marcílio Dias (SC), no jogo que terminou em um empate por 0 a 0, e que classificou ambas as equipes para a segunda fase da Série C do Campeonato Brasileiro.

Ao assumir a uma rádio local, o jogador disse: “é feio, mas a gente tem que pensar no nosso futuro”; e que “não é a primeira vez e nem a última que isso acontece”. Questionado se havia tido uma ordem explícita da comissão técnica para que o resultado fosse mantido, o atleta se complicou ainda mais dizendo que “o grupo conversou com os jogadores do Marcílio, entre a gente, pois sabíamos que íamos classificar”.

Até o fechamento desta matéria, uma medida já havia sido tomada pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). Os jogos entre Caxias (RS) e Toledo, e Marcílio Dias e Brasil-RS, válidos pela primeira rodada da segunda fase, foram suspensos até o dia 8 de agosto, data do julgamento que avaliará o caso.

O caso é parecido com o que aconteceu na fase final da Série A2 do Campeonato Paulista deste ano. No jogo entre Oeste de Itápolis e Mogi Mirim, os times visivelmente deixaram de jogar para manter o empate em 0 a 0, que classificaria as duas equipes para a primeira divisão paulista. Julgados pelo TJD-SP (Tribunal de Justiça Desportiva), os clubes foram indiciados e a partida impugnada, tendo de ser remarcada.

No segundo jogo, o Oeste venceu o Mogi por 3 a 2, mas o resultado manteve a classificação dos dois times, desta vez, completamente honesta. No caso atual, os outros dois clubes do Grupo 15, Engenheiro Beltrão (PR) e Inter de Santa Maria (RS), merecem o mesmo tratamento recebido por São Bento e Atlético Sorocaba no Campeonato Paulista.

Embora possa parecer insignificante para alguns, tanto a segunda divisão paulista quanto a terceira do nacional merecem respeito, pois muitos dos clubes participantes são cercados de pessoas honestas e batalhadoras, que realizam um trabalho sério e dentro dos preceitos da honestidade e da competitividade.

Armar resultados fere coma ética e com o respeito para com o torcedor, até mesmo em uma partida de várzea, e ambos os times merecem punição. Tão certo quanto à culpa dos mordomos nos suspenses literários.

Link: sonora e vídeo - polêmica sobre a combinação de resultados.

http://www.esporteinterativo.com.br/noticias/index.asp?Id_Noticia=6516

5 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Se as duas equipes precisam apenas de um empate para se classificar é porque, querendo ou não, elas já fizeram por merecer tal condição no campeonato. E se elas jogam entri si e ambas podem empatar, por que correr riscos e sair ao ataque como louco?

Parece que qualquer jogo envolvendo equipes que podem empatar nós já ficamos pré-dispostos a olhar com maus olhos, já recriminando as duas se o jogo empatar. Eu acho isso ridículo.

Óbvio que sou contra a armação de resultados, isso fere o esporte. Isso deve resultar em pena pesada. Mas me irrita ver que as pessoas já olham de maneira estranha pra um jogo no qual ambas as equipes podem empatar. Se empatar, empatou, é do esporte, ou não?

É claro que esse ocorrido na Série C é lamentável, deveria retirar as duas do Campeonato e jogar a Série D ano que vem.

Natanael Garcia disse...

Olá, o blog sobre as olimpíadas (beijing 2008) está aberto a conteúdo de blogueiros.

Tanto o blog quanto a galeria. caso tenha algum conteúdo que queira divulgar em nosso blog é só avisar ok? aliás obrigado pelas visitas, mesmo não respondendo aos comentários sempre passo por aqui.

Estava muito sem tempo e só agora q estou mais ativo.

O blog esta chegando as 60 mil visitas e a media passando das 1000 visitas diárias. creio que quando começar ele passa das 2000 visitas diárias.

se possivel faça-nos uma visitinha hoje

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Thiago Fagnani disse...

Isso sempre existiu, mas hj em dia, eles não sabem disfarçar! hahahahahahaha

Abraços ao convidado especial, muito obrigado pelo seu texto!!!

Felipe Simi disse...

Ótima recordação, Marcelo. É caso de STJD, sim. Só que a marmelada sai de um pote sujo e entra num imundo. Já aconteciam e vão continuar acontecendo. A nós, cabe lamentar. Saber que é errado; e, a quem nos governa, cabe mudar a postura, o discurso a prática.

Boa, Marcelo. Sinta-se em casa.
E parabéns, Zito, pelo convite.

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