Aflitos

Por: Felipe Simi

Três gols, 10 cartões e quase 110 minutos. O encontro entre Náutico e Botafogo, válido pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro-2008, foi daqueles para se apagar da galeria dos clássicos nacionais. Era para ser apenas futebol. Virou baderna.

Antes que o zagueiro botafoguense fosse expulso, a partida fluía. O Náutico, até, vencia por 1 a 0. Mas Wilson Luiz Seneme perdeu o controle da partida. Depois, André Luís perdeu a cabeça. E então, a polícia perdeu a razão.

André Luís já havia sido advertido por reclamar. O cartão vermelho o deixou inconformado. Tanto que recusou-se a deixar o campo e seguiu direto para o banco de reservas. No caminho, bicou uma garrafa d´água e provocou a torcida. Imediatamente, o árbitro acionou a PM. A PM (Polícia Militar), por sua vez, tratou de cercar André Luís. André Luís, porém, pediu para não ser tocado.

Então, os policiais o escoltaram à força através de um dos portões do estádio enquanto os torcedores, irados, xingavam-no. Aos berros, André Luís contorcia-se. Sobrou até para o presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, que tentou proteger o zagueiro. Pouco tempo depois, os dois estavam em uma delegacia.

Tinham sido detidos por desacato às autoridades. "Não desacatei ninguém", disse Bebeto. "A culpa toda foi do André Luís", afirmou Milton Bivar, presidente do Náutico. Já o juiz, na súmula, classificou como "ruins" os comportamentos de policiais e botafoguenses.

Fato é que, nesta terça, o procurador geral do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), Paulo Schmitt, decidiu denunciar o jogador, os clubes e a Federação Pernambucana. Menos mal que termine nas salas de tribunal. Só espero que cada cena seja relembrada, e que cada um dos envolvidos sejam punidos como merecem.

1º de junho de 2008: o dia em que, pela primeira vez, o estádio dos Aflitos fez jus ao nome.

Imagem: Jaqueline Maia/ Diário de Pernambuco/ Futura Press