quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Corinthians: jogos inesquecíveis

Na semana passada, o jornalista e amigo Eduardo Lemos, do Blog Pitacos Perdidos (www.pitacosperdidos.wordpress.com) me convidou para escrever sobre os dois jogos do Corinthians que mais me marcaram. Acredito que o texto tenha ficado interessante e vou reproduzi-lo no Blog Jornalismo Esportivo.

Por: Rafael Zito
Atualmente jornalista formado, confesso que a escolha pela profissão se deu devido ao amor que tenho pelo esporte, pelo futebol e, principalmente, pelo Corinthians. Como torcedor do Timão tive vários momento de alegria e alguns de tristeza. Apesar de ter acompanhado o título do Mundial de Clubes de 2000, o tricampeonato brasileiro (98, 99 e 2005) e os três títulos da Copa do Brasil (95, 2002 e 2009), os dois jogos que mais me marcaram foram: a segunda partida da semifinal do Campeonato Paulista de 1998, diante da Portuguesa; e a eliminação para o Palmeiras na semifinal da Copa Libertadores de 2000.

O primeiro jogo inesquecível para mim aconteceu no dia 26 de abril de 1998. Após um empate por 1 a 1 no primeiro duelo da semifinal diante da Lusa, o Corinthians precisava de apenas um empate para avançar à decisão. Na ocasião, com 12 anos de idade, o garoto vivia o crescimento de seu fanatismo pelo clube do coração. Neste jogo, ainda na primeira etapa, Ailton fez 1 a 0 para a Portuguesa. No começo do segundo tempo, Marcelinho Carioca empatou de pênalti, marcado pelo árbitro argentino Javier Castrilli em um lance que Evair segurou Rincón dentro da área.

Com 1 a 1 no placar, a vaga estava nas mãos do Timão. Porém, por volta dos 31min da etapa final, a Lusa marcou o segundo gol, em lance que o atacante Da Silva estava impedido quando desviou uma cobrança de falta. Desesperado e temendo a eliminação de seu clube, o menino que vos escreve ajoelhou no chão e começou a chorar copiosamente. Recordo-me até hoje do sentimento de tristeza e sofrimento que me assolava. No entanto, Castrilli marcou equivocadamente um pênalti a favor do Corinthians, aos 45 do segundo tempo e, antes mesmo da cobrança de Rincón, já comecei a comemorar. Havia uma certeza de que o colombiano não me decepcionaria. O volante correu para a bola, chutou, saiu para comemorar e me proporcionou uma das maiores alegrias como torcedor.

O Corinthians também foi o responsável por um dos meus momentos de maior sofrimento. Em 2000, com 14 anos que acabara de completar, vi meu time ser eliminado na semifinal da Libertadores pelo Palmeiras, o maior rival. Depois da vitória por 4 a 3 no primeiro duelo e de completar 14 anos no dia 02 de junho, estava esperançoso e extremamente confiante na vaga para a final do torneio Sul-Americano. Porém, o dia 06 de junho de 2000 chegou e é, até hoje, o dia mais triste da minha vida. A derrota por 3 a 2 no tempo normal e 5 a 4 nas penalidades me abalou de tal forma que minha relação com o futebol se modificou após essa data. Fiquei aquela noite inteira chorando e querendo que, no momento que caísse no sono, o tempo voltasse e o jogo recomeçasse.

Aquele garoto perdeu o fanatismo doentio e passou a observar o futebol de outra maneira. O amor e a paixão pelo Corinthians prosseguem, mas a relação alucinada e irracional ficaram enterradas junto com o dia 06 de junho de 2000. O garoto que tinha uma camisa da sorte, que enchia bexigas em casa e que, certa vez, chegou a amassar a televisão de sua residência com um soco se transformou em um cara um pouco mais racional. Aquele jogo está na minha história e não há como negar isso. Aquele Corinthians, que era melhor do que o Palmeiras, foi eliminado de forma inesperada na minha visão. Aquela eliminação é, até os dias de hoje, inexplicável para mim e, ao mesmo tempo, o momento de maior lamentação e infelicidade que já vivenciei no futebol e, sem exageros, na minha vida.

Imagem:
Jorge Araújo/Folha Imagem

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