sexta-feira, 6 de março de 2009

O fracasso dos três treinadores

Por Marcelo Braga

Nos dias que passaram, a International Board – órgão da FIFA que regula as regras do futebol - estudou algumas mudanças para o futebol. Ideias como a adoção do cartão laranja e o aumento no período de intervalo foram reprovadas, enquanto a utilização de mais dois árbitros assistentes foi liberada para experiências.

No Brasil, no início deste ano, o Barueri, que disputa o Paulistão, também mexeu nas estruturas do futebol. Ao invés de um único treinador responsável pela equipe, a diretoria colocou três. Assim, contratou Toninho Moura, Luiz Carlos Goiano e remanejou Diego Cerri, que exercia o cargo de coordenador técnico.
Nas primeiras rodadas, a invenção parecia dar certo. Afinal, o clube demorou sete rodadas para conhecer sua primeira derrota, sofrida em casa contra o Mirassol, por 2 a 1. Neste intervalo, o ‘triunvirato de treinadores’ conseguiu quatro empates e três vitórias.

Assim, quando questionado do porquê do bom início do Barueri no campeonato, o presidente Walter Jorqueira Sanches não pensou duas vezes: “Com certeza credito à nossa comissão técnica. Não que o Márcio Araújo fosse um mal técnico, ele era bom, mas esta aposta neste novo tipo de trabalho está sendo muito boa”, e completou. “Trabalhamos com três bocas, seis ouvidos, três pessoas de alto nível cultural, e de gerações diferentes, um de 30, outro de 40 e outro de 50 anos. A união está fazendo a diferença, e estou gostando muito do que estou vendo nos treinos e jogos.”

A partir daí, as coisas desandaram no clube. Derrota em casa para o São Paulo por 3 a 1 e novo tropeço, desta vez contra o Botafogo, que fugia da zona do rebaixamento. Resultado: queda de Toninho Moura em uma rodada e queda da dubla que restara após o jogo contra a Portuguesa. Ao fim, Estevam Soares, um único técnico, foi contratado para recolocar as coisas nos eixos.

Fora do clube, Luiz Carlos Goiano tem opinião firme sobre a possibilidade de o trio de técnicos vingar no futebol moderno. “Sinceramente, acho muito difícil. Nós até passamos alguns momentos bons, quando tentamos nos adaptar. Existem pontos positivos, como a troca de ideias e a ajuda mútua, mas acho que existem mais contras do que prós. Fica indefinido a questão de quem manda para os atletas. Você para o treino, chama a atenção dos jogadores, mas pela cultura dos atletas é difícil de eles saberem quem ouvir, falta uma referência. É parecido com o trabalho dos auxiliares, mas ali é normal, está definido quem é quem. Existem algumas particularidades que dificultarão a aceitação do trio de técnicos “, disse.

Na opinião de Toninho Moura, toda primeira experiência é difícil, mas ela pode evoluir caso seja aprimorada. “Precisa experimentar mais vezes, pois é uma ideia que precisa ser amadurecida ainda. No dia-a-dia era bom, e nós até combinávamos o diálogo com os atletas para não confundir ninguém. Mas na hora do jogo era complicado. Eu queria colocar o Mané e o outro queria colocar o Carlinhos. Não dava para parar o jogo e fazer videoconferência. Como primeira experiência deu para ver que na cultura de hoje é difícil, mas quem sabe no futuro, com o seu aperfeiçoamento, a coisa não possa melhorar?”, indagou.

E você leitor, o que acha do assunto?

3 comentários:

Rafael Zito disse...

Particularmente creio q realmente nao funciona tres técnicos, nem por isso acho q soh um tem q mandar.

Aki no brasil tem-se a cultura de q o treinador coordena td. Acho q eh preciso ter um comandante com pessoas realmente capazes ao seu lado. Lembro q Jose Mourinho foi auxliar de Bob Robison no Barcelona, que Frank Rijkaar foi auxiliar da seleção holandesa e Carlos Queiroz Auxiliar de Ferguson no Manchester... Hj são tecnicos e capacitados

um abraço caro Marcelo

Felipe Moraes disse...

Três é demais. E dois também não é lá muito bom, diriam os suecos. Concordo com o Rafael, porém. Um apenas talvez não seja suficiente. É necessário um bom grupo de bastidores. Uma outra prova é Felipão e Murtosa.

Abraço,
Felipe Moraes

Felipe Simi disse...

A iniciativa não vingou em Barueri, com o Grêmio. Isso, porém, não significa que este seja um método fadado ao fracasso.

De qualquer forma, o 'triunvirato' já nos foi apresentado. Agora, cabe aos cartolas do mundo da bola a coragem para melhorá-lo.

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